Como funciona a propulsão a jato do eVTOL da Lilium?

Empresa alemã iniciou a montagem do sistema que vai mover o Lilium Jet e que será importante para que aeronave faça o primeiro voo tripulado no fim de 2024

A Lilium anunciou na última semana que iniciou a montagem do sistema de propulsão elétrica de seu eVTOL de série, o Lilium Jet. A aeronave que deve realizar o primeiro voo tripulado no fim de 2024 apresenta características que a diferenciam de seus principais concorrentes no mercado de Mobilidade Aérea Avançada (AAM, na sigla em inglês).

O termo “Jet” não é por acaso. O sistema de propulsão mais comum nos eVTOLs em desenvolvimento em todo o mundo é com hélices, mas no caso da fabricante alemã, a aposta é na propulsão a jato, a partir de uma tecnologia proprietária chamada de Ducted Electric Vectored Thrust (DEVT), ou empuxo elétrico vetorial canalizado.

São 36 dutos elétricos com fans – ou ventiladores – e 36 motores elétricos para fornecer a propulsão. Os fans elétricos canalizados estão dispostos em três pares nas asas, totalizando 12 unidades ventiladores ou flaps. Cada asa dianteira possui dois flaps e cada asa traseira possui quatro flaps.

Durante o voo vertical, na transição entre o voo vertical e para a frente, e durante o voo para a frente, cada flap pode inclinar-se independentemente dos outros e funcionar a velocidades diferentes, com base nas condições do vento, resultando num voo estabilizado.

Em julho deste ano, a Lilium concluiu os testes de um protótipo de ventilador e estator Lilium Jet em tamanho real nas instalações da Jetpel, um dos principais centros de tecnologia de aviação da Alemanha, o que confirmou os parâmetros operacionais do design do fan.  Além disso, foram iniciados os testes de um protótipo de motor elétrico para analisar o desempenho mecânico, elétrico e térmico.  O motor elétrico Lilium Jet foi projetado para fornecer densidade de potência  de mais de 100 kW a partir de um sistema que pesa pouco mais de 4 kg.

A Lilium, inclusive, já testou esse sistema com um protótipo chamado Phoenix 2, que passou vários meses em ensaio na Espanha, sendo controlado remotamente, sem nenhum tripulante a bordo. Esses testes foram responsáveis para que a empresa definisse o design final do Lilium Jet, que agora está em fase de montagem, tanto da fuselagem como do sistema de propulsão.

Montagem da propulsão do Lilium Jet

O início da montagem conta com testes extensivos de subsistemas de propulsão entregues pelos fornecedores: o motor elétrico da aeronave projetado sob medida, desenvolvido e integrado em colaboração com a Denso e a Honeywell; o fan do compressor de titânio, desenvolvido e construído em colaboração com a Aeronamic; e rolamentos de motores elétricos construídos em colaboração com a SKF.

Na primeira fase de montagem do Lilium Jet, as peças rotativas do sistema de propulsão, incluindo o eixo, os ímãs e o fan do compressor de titânio, serão montadas e combinadas com os componentes estáticos, como o estator do motor elétrico e as palhetas guia (para suporte estrutural e resfriamento). Estes serão integrados ao motor de alto desempenho.

Na fase seguinte, prevista para este ano ainda, os motores elétricos serão integrados ao sistema de montagem de propulsão do Lilium Jet, a estrutura única de flaps que forma a parte traseira das asas e dos canards dianteiros e que abriga os sistemas de propulsão e vetorização responsáveis ​​pela movimentação vertical e horizontal da aeronave.

“Graças ao sistema de propulsão exclusivo e à arquitetura aerodinâmica do jato, acredito que o Lilium Jet estabelecerá uma referência para a indústria de eVTOL, abrindo caminho para desempenho superior, economia de unidade e conforto. 95% dos aviões comerciais hoje utilizam motores a jato, que oferecem alta segurança, além da melhor experiência de cabine com baixa vibração e ruído, combinada com grande capacidade de carga útil e alcance”, apontou o CEO da Lilium, Klaus Roewe.

A expectativa da empresa alemã é de que o Lilium Jet esteja em operação comercial em 2025. Isso vai depender também da certificação de tipo. O processo está ocorrendo na Agência da União Europeia para a Segurança da Aviação (EASA) e paralelamente na Administração Federal da Aviação dos Estados Unidos (FAA), o que permitirá à Lilium operar em diversos mercados. No Brasil, a Azul assinou uma carta de intenção para a aquisição de 250 eVTOLs, mas também vai depender da autorização da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) para poder operar comercialmente o Lilium Jet.

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